domingo, 21 de fevereiro de 2010

iNobel

Entre muitos outros feitos e descobertas, Alfred Nobel, foi responsável pela invenção da dinamite, contribuindo para a evolução da humanidade, mas também para a morte de alguns milhares de pessoas. Viveu com esse peso na sua consciência até ao momento da sua morte. No seu testamento expressou a vontade de ver constituída uma fundação que premiasse o esforço, de outros seres humanos, para o desenvolvimento da Humanidade. Foi criada a Fundação Nobel, hoje, responsável pela atribuição dos tão desejados, aclamados e prestigiados prémios Nobel.
Em 2009 foi atribuído, a Barack Obama, o Nobel da Paz. O seu esforço em enviar mais tropas para o Afeganistão, mantendo a guerra e contribuindo para a morte de mais alguns milhares de pessoas foi recompensado.
Sendo o prémio, da Paz, e tendo Obama, mantido a guerra, fiquei um pouco confuso, quanto ao sentido desta atribuição. Dizem-me que sou louco. Que a atribuição faz todo o sentido. É, obviamente, necessário existir uma guerra para ser conseguida a paz. Este tipo de argumento, faz-me pensar que se Adolf Hitler tivesse ganho a Segunda Grande Guerra, estaria, neste momento, a repousar na aldeia dos pés juntos com o seu Nobel da Paz no bolso.
No último mês de 2009, a revista Wired, italiana, criou um movimento que visa propor a Internet para o Nobel da Paz. Pessoalmente, parece-me uma ideia tão a abstracta como recomendar a Natureza para esse prémio. Sendo ambas, entidades constituídas por todos, e cada um, dos indivíduos que as compõe, pergunto, quem iria receber o prémio?
Devo dizer que o conceito da Wired me fez cogitar. Não sei o que pensam os responsáveis pela atribuição deste prémio, mas, pondero a hipótese de ter algum sentido atribuir o Nobel da Paz a quem realmente contribua para que isso aconteça ou se mantenha.
Partindo desse principio resolvi apresentar uma candidatura. Após uma análise aos acontecimentos do último ano decidi recomendar o iPhone.
O iPhone foi responsável pela sobrevivência de um homem durante 65 horas, após o sismo no Haiti. Segundo o senhor, foi o telefone que lhe disse como fazer os curativos nos seus ferimentos, controlar a respiração e evitar entrar em choque.
Foi, também, graças ao iPhone que uma britânica de 30 anos, que estava à quatro a tentar engravidar, o conseguiu fazer. Através da introdução diária da temperatura do corpo, o aparelho permite calcular o período mais fértil da mulher.
Sei que este aparelho não começou uma guerra (embora pudesse servir de arma de arremesso), mas na impossibilidade de a Humanidade caminhar no sentido do conhecimento e inteligência, a presença de pequenos aparelhos, como este, começa a tornar-se imprescindível para a nossa sobrevivência.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A fábula de Copenhaga

Bastante, se tem comentado, a cimeira de Copenhaga. Assaz, tem sido a vozearia, acerca do acordo alcançado nessa mesma cimeira. Imensa, foi a palração, sobre o seu fracasso. Foi até, intensa, a forma como se articulou sobre a sua falta de ambição, objectividade e conteúdo. Houve, inclusive, quem colocasse a liderança da U.E., no processo das negociações climáticas, como sinónimo de insucesso, colocando E.U.A. e China, como novos líderes do processo.
Pessoalmente, considero todos estes comentários, como uma fabulação sectária, produzida por fanchones ianques de ascendência cantonesa. (Sei que é um conceito sinistro, mas dar-lhe-ei um momento para recuperar… Recuperou? Continuemos.) Profiro esta afirmação baseado em três factos:
- 1º Facto -
Numa situação normal, a presença de Shakira nesta cimeira, seria alvo de uma cobertura mediática extrema, focada nas voluptuosas curvas que acompanham a sua doce voz. Neste caso, houve apenas, uma ligeira atenção à sua mudança de penteado. Sinal claro de fanchonismo.
- 2º Facto -
E.U.A. e China são os dois maiores emissores de CO2 do planeta. Colocá-los na liderança de um processo que tem como principal objectivo a redução dessas emissões, parece-me tão inócuo, como, colocar um alcoólatra atrás do balcão de uma taberna e, esperar, que não beba.
- 3º Facto -
As primeiras acções tomadas, após o acordo de Copenhaga, foram-no, na U.E.. Mais concretamente no Reino Unido. A cadeia de hotéis, Holiday Inn, resolveu colocar funcionários na cama com os seus clientes, até que o frio passe. Os funcionários deitar-se-ão na cama dos hóspedes, cinco minutos antes de estes o fazerem, garantindo-lhes assim, uma noite quente e descansada. Segundo os seus responsáveis, esta atitude, visa cumprir com as resoluções tomadas na cimeira nórdica, ao reduzir as emissões de CO2 produzidas por aquecedores e aparelhos de ar condicionado.
Esta medida, sendo seguida por outras cadeias de hotéis e expandida a casas particulares, irá, penso, reduzir drasticamente as emissões de CO2, bem como, a percentagem de desempregados no mundo.
Parece-me claro, portanto, que a U.E. se mantém na vanguarda. Devendo liderar o processo de negociações climáticas, mas também, o processo de renovação da economia mundial.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Barriga contra a pobreza

Foi com um apurado sentimento de orgulho, que recebi a notícia da realização do “Jogo Contra a Pobreza”, no Estádio da Luz. Modesto recinto onde o meu, glorioso, clube pratica futebol. Mas foi, quando soube a constituição das equipas que me senti maravilhado. De facto, saber que, de um lado do relvado alinharia uma equipa constituída pelos melhores jogadores do mundo, estando do outro, uma equipa constituída pelos jogadores das Fundações de Ronaldo e Zidane, é motivo para ficar maravilhado. Pelo menos para mim, que sou atreito a este tipo de sentimentos.
O leitor menos atento a este tipo de iniciativas estará, certamente, curioso sobre o cariz e objectivo deste jogo. Preocupado, que sou, com a sua satisfação intelectual, tentarei, de forma simples e concisa, iluminá-lo. Apesar de envolto numa aura de nobreza e respeitabilidade, o “Jogo Contra a Pobreza”, não passa de uma, simples e inteligente, mistura entre os jogos de futebol da nossa infância e as quermesses da Igreja. Cada um traz os seus amigos, escolhe-se o campo e joga-se até cair para o lado, mas (e a aqui entra a inovação), isto, ao mesmo tempo que se vendem rifas, cuja receita, reverterá a favor de uma instituição.
Foi, portanto, com grande expectativa que acompanhei esta acção humanitária e, confesso, com algum interesse, o jogo. Com as receitas a reverterem para ajuda humanitária às vítimas do sismo no Haiti e 50 mil pessoas na bancada, assistiu-se a um bom espectáculo de futebol. Mas, foi a generosidade de um só jogador, que me deixou enternecido, quando, em determinada altura do jogo verifiquei que existiam duas bolas em campo. A que os jogadores disputavam e, a barriga de Matts Magnusson. É louvável saber, que, mesmo impossibilitado de praticar o desporto que o notabilizou, Magnusson, tenha usado a sua barriga contra a pobreza.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Misteriosos desígnios da sorte

Ando, de certa forma, intrigado com os misteriosos desígnios da sorte. Confesso que sinto alguma curiosidade pelos desígnios, mas são os mistérios que realmente me preocupam. Talvez seja por isso que lhe chamam mistério, mas não consigo entender os critérios na atribuição de alguns prémios. Mais concretamente as diferenças entre a atribuição do prémio Nobel, face à atribuição do Euromilhões.
Ambos são concursos, na medida em que, existe um prémio, existem concorrentes e existe uma atribuição do primeiro a um dos segundos.
Peguemos em dois sujeitos, de forma totalmente aleatória, e observemos o seu percurso de candidatura a cada um dos prémios.
- Sujeitos -
Para o Nobel, Barack Obama. Para o Euromilhões, eu.
- 1º Ponto -
Barack Obama é o único negro, que se tornou presidente dos Estados Unidos da América. Eu sou o único branco a viver no meu bairro.
Ambos os sujeitos preenchem o requisito de serem únicos.
- 2º Ponto -
Barack Obama vive na Casa Branca. Eu vivo numa casa branca.
Ambos os sujeitos sofrem do sindrome alentejano.
- 3º Ponto -
Barack Obama quer ganhar. Eu também.
Ambos os sujeitos demonstram fracos conhecimentos da “lei” das probabilidades.
- 4º Ponto -
Barack Obama não entregou as armas no Afeganistão. Eu não entreguei o boletim na papelaria.
De forma arrojada, ambos os sujeitos fizeram o contrário do esperado na sua candidatura.
Sendo claro, que ambos os sujeitos preenchem todos os requisitos da mesma forma, o prémio deveria ser atribuído, em igualdade de circunstâncias, aos dois, ou, a nenhum. Mas não.
Barack Obama ganhou o Nobel da Paz e eu ganhei, nada.
Esta diferença no resultado final, permanecerá, para mim, um mistério.

Surrealidade do Plágio

A Apple foi recentemente acusada de plágio por duas empresas asiáticas. A Fugitsu e a Shenzhen Great Loong Brother. Ambas as acusações recaem sobre o mesmo aparelho. O iPad.
O iPad é o mais recente lançamento tecnológico da Apple, e prevê-se, segundo Steve Jobs, que as suas vendas e sucesso sejam semelhantes às do iPhone.
Esta notícia é perniciosa. Chocante. Um verdadeiro escândalo. E porquê? Não sei.
Achei, no entanto, que seria interessante saber. Afinal de contas, um escudo é um escudo, e um plágio, continua ainda, a ser um plágio. Procurei, de forma determinada, fontes de informação e esclarecimento para este caso.
Segundo a D. Emília, uma senhora muito simpática que habita no meu prédio, é tudo mentira. Tem acompanhado de perto a evolução de todos os produtos chineses que chegam ao nosso país. Iniciou as suas observações, nas saudosas, lojas dos 300’s. Acompanhou a sua camuflada metamorfose para as lojas do 1,5€ e mais tarde, a sua transformação nas lojas dos chineses. Espaços francos e honestos, na medida em que, os produtos chineses nos são, realmente, vendidos por chineses. Após anos de incessante observação, declara, ser impossível existir um produto de origem chinesa, que seja original.
Por outro lado, o Sr. António, homem vivido e experiente, marcado pelo dia em que perdeu dois amigos numa emboscada perto de Cabinda. Tem dedicado a sua vida a Deus, através da leitura da bíblia e da presença assídua, na missa dominical, da sua paróquia, e, também, à venda de bebidas alcoólicas numa pequena taberna do bairro onde sempre viveu. Não casou. Nem tem filhos. Diz que, o tempo passado no ultramar lhe roubou a capacidade para amar. Diz, também, que pouco percebe de Inglês, mas que sabe de fonte segura que, Apple quer dizer maçã, e como tal, não tem quaisquer dúvidas. De acordo com a sua experiência bíblica, a maçã está associada ao demónio, e a mentira é um dos maiores artifícios utilizados pelas forças de Satanás. Uma empresa que usa a maçã como nome e símbolo é, sem sombra de dúvida, culpada.
Estamos, portanto, perante duas correntes de pensamento dispares. Um caso pouco ortodoxo. E um aparelho fantástico.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Homem prevenido

Sou um amante do cinema. Não tenho nenhuma categoria preferida. Tanto me emociono com a ternura de Bruce Lee, a partir ossos, como aprecio a solidez com que Humphrey Bogart beija Ingrid Bergman em Casablanca.
Talvez por ter esta forma eclética de ver cinema, consegui detectar um denominador comum a todos os estilos. Algo que, nem mesmo, Lauro António ousou conseguir.
Uma frase.
Uma frase que sendo, aparentemente, romântica é utilizada de forma indiscriminada e independentemente da quantidade de sangue derramado durante a película.
“Encontrei o homem da minha vida” (a frase)
Estando o cinema intimamente ligado à vida, chego à conclusão que todos os argumentistas e realizadores querem ouvir esta frase, ou pensam que toda a humanidade a quer ouvir.
Tenho plena consciência da impossibilidade de alguma vez esta frase me ser dirigida por um ser vivo, mas gosto de sonhar.
Gosto também de estar prevenido e, como tal, já pensei na resposta que darei.
Menina! (é o inicio da resposta)
Em primeiro lugar.
Não sei se “homem” é a palavra ideal. Acho, “palerma”, bem mais indicado, quando se fala da minha pessoa.
Em segundo lugar.
Devo dizer, que a tenho em grande consideração, e como tal, tenho dúvidas que me tenha encontrado. Encontrar pressupõe uma procura e não acredito que andasse à procura de um palerma. Apareci por acaso.
Por fim.
Sou muito palerma, mas tenho noção dos meus limites. Haverá, certamente, palermas bem mais dedicados que eu, pelo que, “vida” me parece um pouco exagerado.
Concluo, então, que pensa algo como isto:
- Apareceu, por acaso, o palerma do momento.
Na minha singular e modesta palermice, vejo apenas uma solução.
Tornaremos este momento eterno.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A dúvida

A Guerra das Estrelas, Alien e Encontros Imediatos do Terceiro Grau, realizados no final da década de 70 iniciaram um movimento cultural, intenso, que teve o seu auge na década seguinte. Usando de uma criatividade e imaginação incomuns, e utilizando vestuários únicos, penteados extremos, sons digitais e movimentos físicos inigualáveis, foram criadas personagens memoráveis, e que, ainda hoje pairam na nossa imaginação.
O mais incauto dos leitores estará certamente a pensar na cultura Pop. Mas não. Falo de Ficção Cientifica. No entanto, e apesar da minha relutância em apelidar, a Pop, de cultura, entendo a sua dúvida. São óbvios e infindáveis, os pontos comuns, embora agora não me ocorra nenhum. Agora se falarmos das personagens, aí sim. As músicas de Nik Kershaw relembram-me a “jam session”, entre humanos e ET’s, no cume da montanha, mas em Fá sustenido. Ainda ninguém me tirou da cabeça que Billy Ocean é um Alien e sempre tive dificuldade em distinguir, se Boy George, é a Princesa Leia ou Luke Skywalker.
Nos anos que se seguiram, foram-se multiplicando os filmes e séries do género. Uns com mais sucesso que outros, inundando as salas de cinema e os nossos televisores, mas quase todos eles focados na vida extraterrestre.
A possibilidade de existência de seres vivos e inteligentes fora da Terra, sempre me fascinou. A curiosidade sobre o seu aspecto, as suas ideias e opiniões. As suas naves e uma eterna dúvida que sempre me atormentou a mente - Será que também usam CD’s pendurados no retrovisor e napron’s na chapeleira?
Espero um dia vir a descobrir.